Privacidade na Internet… – Opinião – Carlos Manuel Rabadão

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Texto de Opinião

Carlos Manuel Rabadão

Privacidade na Internet…

Atualmente, vivemos num mundo totalmente interligado através de uma grande infraestrutura de comunicações designada de Internet, onde proliferam as redes sociais, os sites de comercio eletrónico, os serviços de streaming, os jornais e revistas online, entre outros serviços que consumimos diariamente.

Esta tecnologia alterou radicalmente a forma como vivíamos há menos de 10 anos atrás. A tradicional forma de ver televisão, sentado em frente ao televisor, está a ter rapidamente substituída por novos serviços de streaming como o Netflix e o HBO, entre outros. Consumimos séries, filmes e notícias no smartphone, no PC e no tablet. Em casa, mas também em qualquer outro local. Deixámos de utilizar o tradicional CD e mesmo os leitores de MP3 e passámos a utilizar serviços de streaming de música, tais como o Spotify e o Apple Music. Compramos um livro ou um gadget online, na Amazon ou no Ebay. Compramos as nossas refeições através da Uber Eats ou Glovo. 

Socializamos através de redes sociais como o Facebook, o Twitter, o Instagram ou o Tik Tok, onde nos expomos ao mundo como nunca antes o fizemos. Autorizamos que os nossos hábitos, os nossos locais favoritos, as nossas preferências e até as nossas atividades no mundo físico sejam monitorizadas pelas Apps que temos no nosso smartphone, tudo para bem da usabilidade e da simplificação da nossa vida. 

O Facebook e o Tweeter mostram-nos as informações mais relevantes submetidas pelos nossos amigos, o Spotify sugere-nos músicas que não conhecemos, mas das quais gostamos, o Netflix sugere-nos filmes e séries que nunca vimos, mas que achamos interessantes, o Google devolve-nos os resultados de pesquisas mais adequadas à nossa localização e ao nosso perfil. Muitos sites adaptam a publicidade aos nossos gostos e necessidades. Como se conseguissem ler a nossa mente …

Isto só é possível porque abdicamos diariamente da nossa privacidade em troca do nosso aparente bem-estar. Todas as nossas atividades estão a ser monitorizadas e registadas, com o nosso consentimento e são depois analisadas e tratadas através de sistemas de baseados em mecanismos de aprendizagem automática e de Inteligência Artificial. É assim no Google, no Facebook, na Amazon e no Netflix.

Contudo, como diz o ditado popular “Na vida nem tudo são rosas”. As informações que vão sendo recolhidas sobre nós são, muitas das vezes, utilizadas para nos simplificar o nosso dia-a-dia, mas também vão sendo utilizadas por grupos de pessoas que nos podem prejudicar. São muitos os exemplos de roubo de identidade através de informações recolhidas em redes sociais, ou de extorsão e chantagem através do roubo de fotografias e de outras informações que temos armazenados em serviços na nuvem, como o iCloud, o Google Photos ou a Dropbox.

Desvalorizamos o valor da informação que sobre nós prolifera na Internet e as pessoas mal-intencionadas que dela podem tirar proveito. A informação deixou de estar guardada numa gaveta do nosso quarto. Está no nosso smartphone ou computador, ou armazenada em lugar incerto na Internet, e tanto num caso como no outro, acessível a partir de qualquer ponto do mundo e protegidas com uma simples palavra-passe, que por uma questão de comodidade por vezes está estreitamente relacionada com informações pessoais que partilhamos nas redes sociais. E as ferramentas de aprendizagem automática e de IA que servem para nos simplificar o nosso dia-a-dia, na seleção automática do filme ou música que mais gostamos, também podem ser utilizadas para o mal.

A cibersegurança, buzzword que entrou no nosso quotidiano, é o esforço contínuo para proteger estes serviços em rede, e todos os nossos dados contra o seu uso indevido, ou que sejam danificados. A nível pessoal, destinada a proteger a nossa identidade, os nossos dados e os nossos dispositivos informáticos. A nível empresarial, para proteger a reputação, os dados e os clientes das organizações. A nível estatal, estão em jogo a segurança nacional, a segurança dos cidadãos e o seu bem-estar.

Cabe a cada um de nós adotar medidas de segurança para proteger a nossa informação pessoal que se encontra na Internet, à semelhança do que sempre fizemos para proteger os nossos bens físicos. Utilizamos fechaduras duplas para proteger as nossas casas, mas utilizamos sistemas de autenticação frágeis, na generalidade das vezes baseados em simples palavras-passe. Não deixamos entrar estranhos nas nossas casas, mas temos os nossos perfis em redes sociais acessíveis aos nossos amigos, mas também aos amigos dos amigos e até a desconhecidos.

A luta contra o cibercrime depende de cada um de nós. Devemos, pois, estar conscientes dos riscos inerentes à utilização do ciberespaço e adotar comportamentos que permitam reduzir a nossa exposição a fraudes e ataques informáticos.

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