A Lugrade – Bacalhau de Coimbra estima fechar 2022 com uma faturação na ordem dos 40 milhões de euros, o que representa um aumento de quase seis milhões relativamente a 2021, apesar das quebras registadas no consumo.
“Este ano vamos faturar mais, mas por efeito da inflação e não pelo aumento de quilos vendidos”, disse à agência Lusa Vítor Lucas, que divide a gestão da empresa familiar de salga, secagem, demolha e ultracongelação de bacalhau, criada em 1987, com o irmão Joselito Lucas.
O empresário salientou que este ano também houve menos quota de pesca de bacalhau, mas que devido ao aumento do preço “as pessoas também adaptaram o seu consumo e o mercado acabou por funcionar” e equilibrar a oferta e a procura.
Os dois irmãos, que vão na segunda geração de gestores da empresa criada pelos pais, com capitais exclusivamente da família, situação que pretendem manter, salientaram que a Lugrade-Bacalhau de Coimbra continua em fase de crescimento e de novos investimentos.
No primeiro trimestre de 2023, preveem abrir uma nova unidade nos arredores da cidade, a terceira da empresa, que vai permitir aumentar a produção dos produtos pré-embalados salgados e salgados secos.
A nova unidade, com uma área coberta de 700 metros quadrados, dividida por dois pisos, representa um investimento superior a um milhão de euros.
“Contamos abrir no primeiro trimestre do próximo ano, mas tudo depende dos fornecedores de equipamentos, que estão a falhar nos prazos de entrega por dificuldades na sua produção”, disse Joselito Lucas.
O gestor estimou que a nova unidade, que fica situada em Casais do Campo, a meia distância entre as duas que a Lugrade já possui em Coimbra, produza entre 600 a 800 toneladas por ano e que “40 a 50% da produção seja para o mercado externo”.
O investimento vai gerar ainda mais 20 postos de trabalho, a somar aos 150 já existentes nas unidades de Taveiro e de Torre de Vilela, que têm em comum o facto de ficarem próximo da Linha do Norte.
Com 768 referências de produtos à base de bacalhau, proveniente de todas as origens do Atlântico (Islândia, Noruega, Gronelândia e Ilhas Faroé), a empresa de Coimbra exporta para 22 países do mundo, desde a Alemanha ao Canadá, passando pelo Brasil, embora Portugal seja o principal mercado.
Mais de 90% dos produtos comercializados são produzidos nas duas unidades de Coimbra.
No âmbito dos 35 anos da empresa, completados em outubro, a administração lançou uma loja de venda ‘online’ para complementar “o serviço que já existe em todo o país” continental.
A loja permite “um acompanhamento muito próximo do cliente, que tem um interlocutor com quem pode falar, esclarecer dúvidas e que permite entregas muito rápidas”, realçou Vítor Lucas.
“Vemos a loja como um fator de complementaridade. Somos muito fortes no comércio tradicional e não pretendemos passar por cima desses canais, já que é fundamental a continuação das lojas tradicionais que há 35 anos servem para colocar os nossos produtos”, disse Joselito Lucas.
Depois de em 2017 ter apresentado o bacalhau vintage (20 meses de cura), este ano a Lugrade apresenta, pela primeira vez, os Lombos de Bacalhau Vintage 2022, embalados numa caixa de cortiça, totalmente desenvolvida em Portugal, que reduz o característico cheiro do bacalhau e que foi pensada para ser reutilizada.
Trata-se de um produto diferenciado numa edição limitada a 410 embalagens, que inclui os melhores lombos de bacalhau da Islândia (quatro unidades), com uma cura de 20 meses e com certificação MSC, de pesca sustentável.
O objetivo dos administradores nos próximos anos passa por consolidar a posição da Lugrade, que, no setor da venda de bacalhau, está entre os cinco principais operadores do mercado nacional.