Nuno Moita, que também é presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova, apresentou a demissão de presidente da Federação Distrital de Coimbra do PS.
O pedido de demissão da lideranção partidária prende-se com a recente condenação a uma pena suspensa por favorecimento de empresas quando era vice-presidente do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ).
Nuno Moita foi eleito líder Distrital de Coimbra do PS no acto eleitoral realizado a 5 de Novembro de 2022, tendo nesta recandidatura apresentado-se em conjunto com João Portugal, que tinha sido seu adversário nas eleições de há dois anos. A outra candidatura, que não saiu vencedora, foi protagonizada por Victor Baptista.
Recorde-se que na passada quinta-feira, dia 5 de Janeiro, foi conhecida a condenação de Nuno Moita a uma pena suspensa de quatro anos pelo crime de participação económica em negócio, quando era vice-presidente do IGFEJ e relacionado com factos que terão ocorrido entre 2010 e 2012, não tendo ficado impedido de continuar a exercer o cargo de presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova.
Nuno Moita divulgou a seguinte justificação que o levou a demitir-se:
«Desde a primeira hora em que sobre mim se levantaram suspeitas de favorecimento de uma empresa de Condeixa no exercício do cargo de vice-presidente do Instituto de Gestão Financeira e Infraestruturas da Justiça (IGFIJ) que venho defendendo e demonstrando a legalidade de toda a minha atuação, refutando quaisquer ataques à minha honra e dignidade.
Após a decisão de primeira instância que deu razão à tese do Ministério Público, e sobre a qual de imediato manifestei a mais firme intenção de recorrer superiormente, por dela discordar em absoluto, aguçaram-se os ataques à minha pessoa e ao Partido Socialista, a que orgulhosamente pertenço, presidindo com elevado sentido de responsabilidade à Federação Distrital de Coimbra do Partido Socialista.
Com a aproximação da reunião da Comissão Nacional do Partido, marcada para este sábado em Coimbra, a acusação que sobre mim pende afigura-se uma arma de arremesso de grande eficácia populista contra o PS.
Bem ponderadas todas as consequências, tomei a decisão de pedir ao senhor Secretário Geral do Partido Socialista, Dr. António Costa, a demissão do cargo de presidente da Federação Distrital de Coimbra do partido com o objetivo claro e inequívoco de proteger, defender e salvaguardar a imagem e a boa reputação do PS e dos seus militantes.
Estou muito seguro da minha inocência e, apesar da pena suspensa com que é acompanhada a sentença de primeira instância e de nada me impedir do exercício de cargos públicos ou políticos, entendo que esta é a decisão que se impõe.
Sempre agi e agirei com idoneidade, honestidade e integridade e bater-me-ei até às últimas instâncias para que a Justiça se cumpra. Aguardarei serenamente a última decisão judicial sobre um processo cujos factos em causa remontam aos longínquos anos de 2010, 2011 e 2012, sobre os quais em fase de instrução o senhor juiz Carlos Alexandre entendeu ilibar-me, e que acredito convictamente serei capaz de provar a minha inocência.
Manter-me-ei fiel ao socialismo democrático em que acredito, na defesa dos valores da liberdade, igualdade, solidariedade e progresso, por uma sociedade plural mais justa e inovadora.
Honrarei o compromisso assumido com os eleitores do Município de Condeixa-a-Nova que, por três vezes consecutivas, me confiaram e delegaram a missão de governar e desenvolver o território onde nasci.
Nunca permitirei que, eu e as minhas circunstâncias, possam de algum modo ser usadas como arma de arremesso político para denegrir o Partido Socialista, através de estratégias maldosas, retrincadas e de fabulação, desviando atenções do que é essencial, do que realmente importa ao PS, a Coimbra e a Portugal».