Um projeto liderado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a explorar a utilização de microalgas como uma solução para a remoção de poluentes em águas residuais, ao mesmo tempo que procura valorizar essa biomassa para a produção de produtos biológicos.
Designado NABIA (Nova Abordagem à Biorremediação Utilizando Algas), o projeto é coordenado pelos investigadores Telma Encarnação e Abílio Sobral, do Centro de Química da FCTUC, conforme anunciado pela instituição.
Telma Encarnação afirma que “este projeto visa encontrar soluções para a poluição da água causada por poluentes emergentes, propondo a descontaminação de águas residuais através do uso de microalgas, com um enfoque na geração de biomassa e na sua valorização económica”.
A investigação centra-se na biorremediação de águas residuais provenientes da indústria ótica, especificamente na transformação de lentes oftálmicas, utilizando como casos de estudo empresas parceiras.
“Devido à natureza protegida por patentes e segredos industriais destes materiais, realizámos uma análise da sua composição”, explica a investigadora.
A equipa começou por identificar compostos químicos persistentes em fontes de águas residuais e a avaliar a eficácia das microalgas na biorremediação de substâncias químicas sintéticas.
Atualmente, os especialistas estão a testar a viabilidade de transformar a biomassa obtida em produtos inovadores, como lentes oftálmicas sustentáveis, além de desenvolver um fotobioreator que otimiza o processo para maximizar a produção de biomateriais a partir das microalgas.
“Com o NABIA, pretendemos não apenas abordar problemas relacionados com poluentes em águas residuais, mas também promover o desenvolvimento económico sustentável, fomentando uma economia circular através da valorização de recursos biológicos”, conclui Telma Encarnação.
O projeto conta com a colaboração de empresas parceiras, incluindo Farmi, Mlab, Moldetipo, Opticentro e PTScience.