Foram precisos 100 anos para a Figueira da Foz ter uma bandeira e um brasão. A primeira tentativa remonta a 1840, ainda antes de ser elevada a cidade, com os primeiros projectos a serem apreciados 80 anos depois, em 1922. Ainda não foi dessa que avançou, devido a parecer desfavorável da Secção de Armaria da Associação de Arqueólogos, até que a Figueira da Foz se viu na obrigação de fazer a bandeira para se apresentar numa cerimónia oficial, em Coimbra, em junho de 1940. Foram ainda precisos mais três anos, para que em 4 de novembro de 1943 a Figueira da Foz visse aprovados o seu brasão e a sua bandeira
O BRASÃO
Armas: De azul, com um navio negro realçado a ouro, mastreado e encordoado de negro e vestido de prata, vogando sobre cinco faixas ondeadas, três de prata, uma de verde e outra de azul. Em chefe, um sol de ouro, orla de prata, com oito folhas de figueira, de verde, carregadas cada uma com um fruto de ouro, coroa mural de prata de cinco torres, listel branco com os dizeres a negro: “Cidade da Figueira da Foz”.
A BANDEIRA
Quarteada de quatro peças de amarelo (simbolizando o ouro) e quatro de verde. Coroa e Borlas de ouro verde. Lança e haste douradas. O Selo: Circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicação dos esmaltes, e em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres “Câmara Municipal da Figueira da Foz”.
O SIGNIFICADO
A interpretação heráldica é a seguinte: “As bandeiras das cidades são quarteadas de oito peças, e quando destinadas a cortejos e cerimónias têm a área de um metro quadrado e são de seda e bordados; Quando destinadas a arvorar são de filel, podendo dispensar as armas e tendo dimensões proporcionadas à altura a que têm que estar hasteadas. O ouro dos frutos, do realce do barco e do sol, significa heraldicamente nobreza, sabedoria, fidelidade, constância, poder e liberalidade. A prata que veste o barco, que esmalta a orla e acompanha em faixas ondadas a representação do mar e do rio, denota a eloquência, limpeza, humildade e riqueza. O verde das folhas de figueira e da faixa ondada, que representa o mar, significa esperança e fé. O negro que esmalta o barco, os mastros e o encordoado, corresponde à Terra e significa firmeza, obediência e honestidade”.
HINO OFICIAL DA FIGUEIRA DA FOZ
Em 1907 Manuel Dias Soares (1867-1938) assumiu a direção do “Rancho do Vapor”, tendo musicado a Marcha do Vapor, com letra de Pereira Correia, conforme nos dá conta Fernando Curado, estudioso da história figueirense. A Marcha do Vapor começou por ser uma marcha-hino de um rancho de salão, alusiva aos marinheiros e à sua valentia e amor. Foi apresentada pela primeira vez na Rua das Canas e António Pereira Correia foi o feliz autor da letra da Marcha do Vapor, brilhantemente cantada por Maria Clara (mãe do conhecido psiquiatra Júlio Machado Vaz). Manuel Dias Soares faleceu a 7 de agosto de 1938, na Figueira da Foz, e a maior homenagem que lhe foi prestada foi a Câmara Municipal ter consagrado a sua Marcha do Vapor como Hino da Figueira da Foz.
MARCHA DO VAPOR
A bordo ninguém se teme,
Ninguém aqui se receia
Que o homem que vai ao leme
Ouça o canto da sereia.
Sereias de marinhagem
Emudeceram aquela
Soltando à branda aragem
A sua canção mais bela.
Olé…Olé…Olé…
Oh! Noites d’amor
Que as almas seduz
Envolve “O Vapor”
Em ondas de luz.
É cantar sem medo
Ó minha beldade;
O Mar é de rosas,
Viv’a mocidade.
Se nos acharmos em guerra
A nossa infantaria
Atira beijos p’ra terra,
um primor de pontaria!
Lindos olhos do meu par
Vão fazer um servição
Rutilando sobre o mar
Em tempo de cerração.
- António Pereira Correia (Letra)
Publicado na edição de setembro de 2022 da Revista FOZ