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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Dinamarqueses querem investir 8 mil milhões em parque eólico no mar da Figueira da Foz

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A notícia é do semanário Expresso, assinada pelo jornalista Miguel Prado, e dá conta de um dos mais ambiciosos projetos eólicos em águas portuguesas: a dinamarquesa Copenhagen Offshore Partners (COP) está a desenvolver um projeto de 2 gigawatts (GW) para instalar ao largo da Figueira da Foz, que irá implicar investimentos da ordem dos €8 mil milhões, segundo o diretor de mercado da COP para Portugal, Afonso César Machado.

O texto da notícia é o seguinte:

«O investimento de €8 mil milhões contemplará a construção do parque eólico, mas segundo o gestor as operações de manutenção ao longo da vida útil da infraestrutura irão custar mais €4 mil milhões. “Existe uma componente forte de criação de emprego, com milhares de postos de trabalho criados pelo projeto”, indicou Afonso César Machado, estimando que mesmo após a construção o parque eólico mantenha entre 450 e 500 postos de trabalho, associados às atividades de manutenção e gestão de ativos e aos prestadores de serviços.

“Temos grandes planos para Portugal”, apontou Afonso César Machado, na mesma semana em que arrancou a consulta pública para as áreas marítimas que o Governo tenciona disponibilizar para energias renováveis no mar. “Queremos que o nosso projeto seja parte da transformação estrutural do país”, referiu o responsável da COP, um veículo do fundo Copenhagen Infrastructure Partners criado especificamente para apostar nas eólicas offshore.

Notando que a COP quer fazer do seu projeto “o mais português possível”, ou seja, com o máximo de incorporação nacional, Afonso César Machado adiantou que a sua empresa já está a preparar este parque eólico em Portugal há mais de um ano, tendo apresentado o seu projeto, designado Nortada, ao Governo português no segundo semestre do ano passado.

A COP é um dos dois promotores que manifestaram ao Governo a intenção de desenvolver parques eólicos no mar sem tarifas garantidas de venda de energia à rede elétrica. O outro é a alemã BayWa, que tem um projeto de até 600 megawatts (MW), ou 0,6 GW, com um investimento previsto de €2 mil milhões, a concretizar ao largo de Viana do Castelo. Mas a BayWa tem o seu projeto numa fase mais avançada, tendo já solicitado um título de utilização do espaço marítimo.

É ainda incerto se estes dois promotores conseguirão desenvolver os seus projetos à margem do leilão que o Governo português tenciona lançar até ao final deste ano. Esse leilão, recorde-se, visa licitar os direitos à exploração de até 10 GW de potência eólica no mar. E é esse o potencial identificado nas cinco áreas marítimas que estão a ser discutidas em consulta pública até 10 de março. Serão mais de 3 mil quilómetros quadrados de espaço marítimo para as eólicas offshore, que permitirão instalar até 4 GW ao largo da Figueira da Foz, 2 GW em Viana do Castelo, 1,5 GW perto de Leixões, 1 GW no eixo Ericeira-Sintra-Cascais e 1,5 GW em Sines.

Segundo Afonso César Machado, a COP estima precisar de até dois anos para construir o parque ao largo da Figueira da Foz, mas antes disso terá de assegurar os direitos de uso do espaço marítimo. Vários promotores de eólicas offshore têm revelado alguma ansiedade quanto às decisões do Governo português. “O potencial de crescimento offshore é muito grande em todo o mundo. E existe concorrência [de projetos] dentro do nosso portefólio na COP”, alertou o gestor português, tentando sensibilizar os decisores políticos para a necessidade de rapidamente definir em que moldes serão licenciados os parques eólicos no mar.

Embora desenhado para atingir os 2 GW, o projeto da COP poderá ser ajustado para a eventualidade de não conseguir área suficiente para essa dimensão. Mas Afonso César Machado sublinhou que a capacidade de os projetos eólicos flutuantes se tornarem mais competitivos dependerá em larga medida das economias de escala associadas à criação de uma fileira industrial para concretizar as infraestruturas. Nesse sentido, menos que um gigawatt tornar-se-á uma escala desinteressante para a COP. Caso avance, o projeto deverá vir a contar com aerogeradores de 18 a 20 MW e com um diâmetro do rotor (ou seja, o diâmetro varrido pelas pás eólicas) de mais de 270 metros. Serão colossos com torres eólicas de cerca de 150 metros de altura.

O objetivo da COP é vir a firmar vários contratos de venda de energia para os 2 GW projetados. Parte da produção deverá especificamente abastecer projetos de hidrogénio verde e outra parte será colocada no mercado elétrico.

“Para nós o importante é as coisas andarem rápido”, afirmou ao Expresso Afonso César Machado, gestor que trabalha há 10 anos em Copenhaga e que passou entre 2015 e 2021 pela dinamarquesa Vestas, um dos maiores fornecedores do mundo de turbinas eólicas. No final de 2021 ingressou na COP, com responsabilidade sobre vários mercados, mas uma vontade especial de que a empresa invista em Portugal. “A nossa costa tem condições ideais para eólica flutuante”, realçou».

Imagem: Expresso

 

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