Foi na reunião de Câmara da passada sexta-feira, que o presidente da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, revelou que o município retomou a ideia da ponte ciclável sobre o rio Mondego, no Alqueidão, apenas para ciclistas e viaturas de emergência.
Recorde-se que a travessia chegou a ter prevista uma faixa de rodagem para automóveis, além da via ciclável e pedonal, mas o investimento superior a 6 milhões de euros, sem garantias de financiamento, levam o executivo a ponderar não avançar com o projeto.
“A vontade de fazer esta ponte não esmoreceu um segundo”, disse o autarca, garantindo que a Câmara continua a efetuar “todos os esforços” para construir a ponte.
Com o novo projeto, pretende-se baixar consideravelmente os custos: o projeto original da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, inicialmente orçado em pouco mais de um milhão de euros, “vai já em mais de quatro milhões de euros”, esclareceu.
A ponte, entre as freguesias de Vila Verde, na margem direita do rio Mondego, e Alqueidão, na margem esquerda, integra-se na rota europeia da Costa Atlântica Eurovelo 1, com uma extensão de 83 quilómetros, que liga o sul do concelho da Figueira da Foz e o norte do município de Mira, atravessando, pelo litoral, o município de Cantanhede. O percurso passa ainda pelas Matas Nacionais, Cabo Mondego, estuário do Mondego e Mosteiro de Seiça, entre outros.
Freguesia de Alqueidão já reagiu
“O Executivo da Freguesia de Alqueidão, expressa mais uma vez profunda desilusão perante as declarações do Sr. Presidente da Câmara Municipal na última reunião de Câmara e sobre o desfecho da obra da “Ponte sobre o Rio Mondego – Euro Velo””, diz o comunicado assinado pela presidente da Freguesia de Alqueidão, Clarisse Oliveira.
“O Sr. Presidente deixou claro, na última reunião de Câmara que o Município da Figueira da Foz pretende construir a Ponte ciclável sobre o Rio Mondego entre o Alqueidão e Vila Verde, mas apenas para ciclistas e viaturas de emergência ou seja, voltar ao projeto inicial que, na altura tinha um custo de pouco mais de 1 milhão de euros, mas que hoje, vai em mais de quatro milhões de euros. (…) Sabemos que a obra terá de ser realizada mas, o que este executivo não consegue aceitar é a construção de uma ponte de 4 milhões de euros somente para peões, bicicletas e possivelmente viaturas de emergência.
Compreendendo que o valor associado ao mesmo pode ser elevado, se avaliado apenas pelo prisma económico. Consideramos que o mesmo apenas pode ser avaliado globalmente, considerando as dimensões social, política, económica, ecológica e cultural de toda a comunidade das margens do rio Mondego.
Reconhecemos que a alcunha “ponte do Alqueidão” pode ter contribuído para uma percepção redutora, e queremos esclarecer que, apesar de ser referida assim, não é exclusivamente uma ponte para a comunidade local, mas sim para toda a região.
Os Alqueidanenses, ao longo de muitos anos, aguardam pela concretização desta ponte, relembrando que o compromisso inicial foi estabelecido à quase duas décadas.
O atual projeto, foi inicialmente concebido para bicicletas e peões, mas ao longo de tempo percebeu-se que apenas com esta finalidade o mesmo era redutor. Elaborou-se assim um projeto misto, para bicicletas e peões e simultaneamente com uma faixa para viaturas. Este projeto ora revogado, embora não seja perfeito, representava a solução mais equilibrada.
A mudança de liderança na Câmara Municipal levou a incertezas, mas nos últimos dois anos, o Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz assegurou o interesse contínuo na ponte. No entanto, a revogação da obra em janeiro, sem esclarecimentos adequados, gerou desilusão e revolta na população. Agora, a construção de uma ponte onde não poderão passar automóveis gera ainda mais revolta, consternação e mostra uma falta de visão.
Esta ponte não é exclusiva do Alqueidão; é uma obra que beneficia todo o concelho da Figueira da Foz e promove a coesão territorial entre diferentes freguesias e municípios mas infelizmente, continuamos a ser uma pequena Freguesia Rural onde não existe nem Mosteiro de Seiça, nem Paço de Maiorca ou Cabo Mondego mas que integra o Concelho da Figueira da Foz com gente trabalhadora, humilde, e que merece o mesmo respeito e consideração que todos os outros figueirenses.
Destacamos que a Ponte Edgar Cardoso é a única ligação pública gratuita e que permite a circulação de todos os veículos entre as margens do concelho. Em caso de calamidade ou acidente, a existência de uma alternativa é vital. Reforçamos que esta ponte contribui para a segurança das populações, para a coesão entre freguesias rurais e urbanas, para a descarbonização, e encerra em si um caráter intermunicipal.
A decisão atual, por parte da Câmara Municipal, coloca em causa as expetativas criadas ao longo de mais de dois anos.
Por várias vezes, este executivo solicitou uma audiência ao Sr. Presidente para que, juntos possamos tentar encontrar uma possível solução mas desde o ano passado que não obtivemos resposta. Queremos fazer parte da solução e não do problema mas não vamos baixar os braços para que finalmente consigamos executar esta obra tão importante para todos nós”, pode ainda ler-se no comunicado.
“Por isso, apelamos mais uma vez a uma possível revisão do projeto, que em vez de uma faixa, até possa incluir duas faixas, e que a Câmara Municipal da Figueira da Foz, em conjunto com outras Câmaras Municipais, pesquise novas fontes de financiamento adequadas para garantir a concretização desta ponte, que simboliza a união entre as margens do Rio Mondego”, concluiu-se no documento.
(Fotografia foi retirada do jornal O Figueirense em 15/10/1999 nos arquivos da Biblioteca Municipal da Figueira da Foz)