Realizou-se esta quinta-feira, feriado, dia 25 de abril, a sessão extraordinária da Assembleia Municipal (AM), comemorativa do 50º aniversário da Revolução de 25 de Abril, que teve lugar pelas 10h30, no Grande Auditório do Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz (CAE).
A cerimónia teve início no exterior do CAE, com a cerimónia do Hastear da Bandeira Nacional, que contou com a presença da guarda de honra dos Bombeiros Sapadores e dos Voluntários da Figueira da Foz, e da Banda da Sociedade Filarmónica Paionense que interpretou o Hino Nacional.
A sessão da AM teve início com uma performance musical tocante da canção «Grândola», que juntou em palco dezenas de elementos das filarmónicas Quiaense, do Alqueidão, Figueirense e da Sociedade Boa União Alhadense, sob orientação de professores do Conservatório de Música David de Sousa.
Seguiu-se a exibição de um vídeo de evocação de personalidades figueirenses, de nascimento ou “adoção”, que lutaram pela democracia: Cristina Torres; José da Silva Ribeiro; Agostinho Saboga e Joaquim Namorado.
Este ano o orador convidado foi o Vice-Reitor para as Relações Externas e Alumni da Universidade de Coimbra, o Professor Doutor João Nuno Calvão da Silva, que salientou que “são cada vez mais aqueles que ainda não tinham nascido quando o 25 de abril ocorreu, algo frequentemente esquecido” e alertou para “o facto de grande parte dos jovens de hoje não saberem o que foi o 25 de Abril, ou sequer o que esta data significa para Portugal.”
“Entre os mais novos há uma grande ignorância de quem foram os principais protagonistas da Revolução dos Cravos, um preocupante alheamento do que era viver num regime autoritário”, frisou.
Para Calvão da Silva “o 25 de Abril não é monopólio de uma força política ou de uma geração”, é “cada vez mais dos que não o viveram e que a sua comemoração só faz sentido com a juventude no horizonte”.
Em representação da Associação 25 de Abril, o Coronel Fernando Góis Moço começou por referir “o papel importante, determinante, que teve a guarnição militar da Figueira da Foz no conjunto das operações que foram desencadeadas na madrugada libertadora”.
Uma libertação, quem em sua opinião “permitiu aos portugueses exercer os mais elementares direitos de cidadania, de que há muito estavam privados e que lhes garantiu que fizessem as suas escolhas políticas.”
Eduardo Figueiredo, representante do Conselho Municipal da Juventude, referiu que as gerações mais jovens são “as netas e netos do 25 de Abril, as filhas e filhos da sociedade livre e justa e solidária de que fala a Constituição de 1976, a nossa maior conquista.”
“Fomos presenteados com a possibilidade de um futuro onde todas as pessoas podem atrever-se a florescer no seio de uma comunidade livre, e iguais na sua diferença, onde a solidariedade é mais do que um valor e uma teoria, é uma praxis diária e um modo de vida”, frisou Eduardo Figueiredo.
O jovem orador manifestou-se convicto de que para os jovens “Abril não é apenas um capítulo de um livro de história”, “não é uma eternidade, é uma responsabilidade de todos os dias”, “é ter a certeza de que as portas que abriu continuam abertas, escancaradas.”
Pedro Miguel Jorge, do Bloco de Esquerda (BE) ‘abriu´ a sequência de intervenções políticas lembrando os encontros realizados em escolas do concelho no âmbito da celebração do cinquentenário do 25 de Abril, que no seu entender foram um “exercício de cidadania maravilhoso, em que houve “oportunidade de dar a conhecer um pouco do Portugal que emergiu desta data histórica.”
O Deputado salientou a importância de cada vez mais “falar com as novas gerações”.
Maria Adelaide Gonçalves, da Coligação Democrática Unitária (CDU), lembrou que “celebramos o ato generoso e valoroso daqueles capitães que naquela madrugada abriu portas à liberdade e democracia.”
“Aos construtores da revolução devemos a liberdade e a democracia, o direito à greve, ao sufrágio universal, a revolução que construiu o poder local democrático”, frisou a deputada.
Já Manuel Rascão Marques, em representação do Partido Social Democrata (PSD), salientou que o 25 de Abril foi “um momento transformador da história de Portugal”, pois “não só derrubou um regime totalitário”, como “iniciou uma nova era de liberdade, democracia e esperança”.
“Não foi apenas a realização de um de ato de coragem militar, mas uma afirmação de valores fundamentais que devem permanecer como bússolas do nosso caminho rumo a um futuro mais inclusivo e justo”, enfatizou Rascão Marques.
O grupo de cidadão eleitores Figueira a Primeira, fez-se representar por Rosa Costa Reis que iniciou a sua intervenção com a leitura de um poema de José Jorge Letria, para depois se dirigir aos “meninos de hoje, mulheres e homens de amanhã”, para os “recordar que devem lutar para conhecer a cor da liberdade”.
Rosa Reis considerou que a “liberdade de expressão que tanto custou a conquistar deve efetivamente levar os jovens a dignificar e a cimentar a luta das mulheres e homens de Abril, não descurando os seus direitos e deveres.”
A Deputada considerou que “aos cidadãos de uma forma geral e aos políticos em particular incumbe a missão de que continuemos a celebrar Abril sem atropelos e ameaças à liberdade” e que o Movimento Figueira a Primeira “tudo fará para que na Figueira da Foz se viva as conquistas de Abril.”
A representante do Partido Socialista (PS), Célia Silva Morais, enfatizou “que nunca são demais as palavras de agradecimento “aos que com planeamento, estratégia, coragem e dedicação a Portugal lutaram pela soberania do povo português, nessa data fundadora da democracia.”
A Deputada do PS lembrou que “as mulheres vêm assumindo o leme, exercendo papéis principais e decisórios para elas e para outrem, construindo também um caminho árduo pela igualdade.”
A eleita socialista citou “dois socialistas pela sua argúcia no combate pela liberdade e pela capacidade agregadora”: Mário Soares, “homem plural” e António Arnaut, “pai” do Serviço Nacional de Saúde, considerando que “como eles temos de continuar a lutar pela continuidade da democracia, qualidade da democracia e o aperfeiçoar da democracia e o desenvolvimento dos cidadãos”.
Célia Morais exortou todos para “a necessidade de perpetuar os seus valores e à sua manutenção”, pois nada é garantido.
É preciso esforço para manter abril é preciso alimentar abril, concluiu.
José Duarte Pereira, Presidente da Assembleia Municipal (AM), presidente da AM encerrou as intervenções com recordações emocionadas do dia 25 de Abril de 1974.
“Lembro-me muito bem do 25 de abril de 1974, das gentes que num ápice saltaram para as ruas da cidade. Recordo as vozes que entoavam frases em uníssono, os olhares que não falavam, mas sorriam. Erámos muitos, todos unidos em prol da liberdade finalmente anunciada, finalmente conquistada.”, recordou José Duarte.
O Presidente da AM disse sentir-se “um privilegiado por ter vivido e sentido esses tempos”, que lembra “como as dores do parto da democracia vividas por todos os que se entregaram à política sem interesses pessoais, apenas e só com o objetivo de definir rumos capazes de abrir os horizontes deste país.”
Lembrando que “do dia inteiro e limpo até à contemporaneidade a histórias tem sido feita de muitas estórias e que nem tudo são cravos”, considerou que “mais do que nunca é hora de nos apoiarmos”, pois o “futuro é de todos, sobretudo dos mais jovens”, a quem deixou a promessa de “ter sempre plantado o cravo centenário da liberdade, sempre em prol do vosso futuro.”
Quase a finalizar a sessão Pedro Santana Lopes, que no seu discurso saudou “todos os figueirenses na figura cimeira do Patriarca da Liberdade, Manuel Fernandes Tomás, e todos os que daqui [Figueira da Foz] partiram naquela madrugada libertadora”, procedeu ainda à entrega do prémio às vencedoras do Concurso «O que representa para mim o 25 de Abril de 1974»: Vanessa Filipa Carvalho Moreira – Pintura; Rita Carvalho Natália Romão Henriques – Escrita «A Figueira da Foz como lugar de memória»; Rita Meireles Ferreira, «Sementes Democráticas» -Escrita, que é uma viagem ao Parlamento Europeu, em Bruxelas.
A sessão terminou com as atuações do Coral David de Sousa, da soprano Natalie Gal e de Hilton Costa (violono), que interpretaram «Amor a Portugal», e da Banda Filarmónica Paionense.