Pedro Santana Lopes apresentou-se ontem oficialmente como candidato independente à Câmara da Figueira da Foz, pelo Movimento Figueira A Primeira, no anfiteatro exterior do Centro de Artes e Espetáculos, obra que criou no seu mandato de 1997 a 2001, onde declarou que, se for eleito, vai trabalhar para que a Figueira da Foz seja “liderante e competitiva”.
Numa sessão pública que foi iniciada com a apresentação dos candidatos a Cabeças de Lista às Assembleias de Freguesia, Pedro Santana Lopes anunciou oficialmente a sua candidatura, após uma decisão que considerou ter sido “pensada e sentida” e aproveitou para recordar que, no dia anterior, tinha feito 17 anos em que tomou posse como primeiro-ministro e que hoje, 19 de julho, faz 34 anos que foi eleito primeiro deputado português ao Parlamento Europeu.
A propósito das críticas que tem recebido por ter estado fora da Figueira da Foz, o candidato declarou que tem “andado a estudar, a falar, a correr o concelho, a ouvir as pessoas, porque naturalmente a realidade de hoje em dia não é a realidade de há 20 anos” e acrescenta “fui acompanhando sempre a Figueira da Foz”.
“Muitas vezes falei, na televisão, nos órgãos de comunicação social, em que contei aquilo que nunca me envergonhou, das lágrimas que então chorei por ter de sair desta terra e ter de ir para Lisboa. Desta vez, já com mais um pouco de 20 anos, como disse, considero que já tenho o meu serviço militar cumprido”, afirmou sobre a sua saída do concelho para a Câmara Municipal de Lisboa.
Quais são as propostas de Pedro Santana Lopes?
Nesta apresentação da candidatura que, segundo Santana Lopes, teve como inspiração a “malta nova”, que o incentivou e desafiou, as propostas são diversas. Apesar de não ter anunciado o seu programa eleitoral, foi revelado que, se for eleito pelos cidadãos figueirenses, vai ser criado um Centro de Investigação e das Tecnologias do Mar, entre a Gala e Costa de Lavos.
“Nós somos do mar, do rio, das lagoas e a Figueira tem de liderar nesta área, da inovação, da investigação, da ciência”, justifica, garantindo que “vamos trabalhar em tudo aquilo que diz respeito a essas matérias e, quem sabe, tentar de uma vez por todas resolver fundamentadamente a questão do assoreamento da barra”.
No que diz respeito à realização de obras, Santana Lopes garante que o que lhe preocupa são as prioridades: “falo do brio, falo do amor próprio, falo de termos uma Figueira da Foz limpa, bonita, como ela é, ordenada, com amor próprio, sem este caos que vemos por aí.”
“Enquanto Presidente da Câmara, nem uma árvore vai ser deitada abaixo no concelho da Figueira da Foz, a não ser por questões de emergência pública, única e exclusivamente”, declarou.
Afirmando que a decisão de se candidatar já não se trata de “pôr a Figueira na moda” mas sim de governar todo o concelho, Santana Lopes confessou o seu desejo de criar um Centro de Formação Profissional, “do estilo que existe em Palmela” e que é necessário ter Centros de Restauro.
Pretende também definir “encarregados de missão”, ou seja, cidadãos encarregues de projetos inovadores para a Figueira da Foz e contratar mais professores de Música, já que defende que “o estudo e a aprendizagem da música, desenvolve o intelecto”.
As instituições de desporto e a criação artística foram também mencionadas como preocupações do candidato. Na área da saúde, Santana Lopes quer camas de Cuidados Continuados e, no que diz respeito aos transportes, sugere alterações nas Redes de Transportes Públicos, com mais horários.
Referiu ainda que, se for eleito como Presidente da Câmara da Figueira da Foz, as Universidades irão regressar, irá ser criado um Centro da Investigação da Floresta, “na zona de Brenha/Alhadas”, e garantiu que todo o concelho terá obras feitas.
“Nós vamos fazer tudo isto, mobilizando capitais de privados e o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência)”, esclareceu.
Críticas à dívida que deixou
Nesta apresentação pública que definiu como um “conjunto vasto e diferenciado de emoções que me assalta neste momento”, Pedro Santana Lopes não deixou de mencionar as críticas que recebeu e continua a receber sobre a dívida que deixou, após o seu mandato no concelho da Figueira da Foz, entre 1997 e 2001.
“Os que eram nascidos naquela altura e adultos, (sabem) que eu tinha tudo previsto para fazer o segundo mandato. As sondagens que então existiam davam-me cerca de 80%, praticamente, caso fosse à reeleição. Por questões de imperativo nacional, foi-me exigido que fosse disputar uma eleição que eu julgava que ia perder”, assim explicou sobre o motivo pelo qual não continuou a vida política neste concelho.
“Eu nunca compreendi este choro pela dívida”, manifestou o candidato, acrescentando que quer continuar com a estratégia da redução da dívida e que o que fez foi “boa dívida”, “boa despesa”, gasta em equipamentos e não dinheiro gasto em “bens facilmente consumíveis ou que não melhoram a qualidade de vida das pessoas”.
Sobre as críticas recebidas em relação à dívida que deixou, o ex-primeiro-ministro refere que são “para atacar politicamente, para disfarçar a capacidade de sonhar, de fazer obra porque se eu cá tivesse continuado, o movimento que seria gerado, o dinamismo económico seria maior, um maior investimento, a ousadia, das equipas que trabalham, as parcerias com o terceiro setor e com o setor privado”.
As eleições autárquicas vão decorrer a 26 de setembro de 2021 e no concelho da Figueira da Foz foram já anunciados como candidatos Carlos Monteiro, atual presidente, pelo Partido Socialista (PS), Rui Curado Silva, pelo Bloco de Esquerda (BE), Pedro Machado, pelo Partido Social Democrata (PSD), Miguel Mattos Chaves pelo CDS – Partido Popular, João Carlos Domingues, pelo Partido Chega!, Bernardo Reis, pela Coligação Democrática Unitária (CDU) e Pedro Santana Lopes, como candidato independente.