Adriano Moreira, um democrata-cristão que se tornou praticamente consensual como mestre de muitas gerações após passar de opositor do Estado Novo a ministro de Salazar e presidente de um partido democrático, morreu este domingo com 100 anos.
Professor catedrático e estudioso de política internacional, sobre a qual escreveu inúmeros artigos nos muitos anos como colunista do Diário de Notícias, era presidente honorário da Sociedade de Geografia e da Academia de Ciências (onde agora dirigia o Instituto de Altos Estudos). Vice-presidente da Assembleia da República (1991-95), doutor honoris causa por diversas universidades portuguesas e estrangeiras, escreveu numerosas obras nas áreas do Direito, da Ciência Política ou das Relações Internacionais, presidiu ao Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior (de 1998 a 2007) e ao Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa, entre muitos outros cargos ligados à academia
Transmontano e católico que se manteve sempre ligado às origens, Adriano Moreira distinguiu-se como um pensador que apenas se interessou pela política após iniciar a vida académica. Ministro do Ultramar no início dos anos 1960, sem ter pertencido à União Nacional ou à Mocidade Portuguesa, voltou a dar aulas depois de deixar o governo e estava no Brasil durante o chamado Verão Quente de 1975 – onde ficou para evitar a prisão.
Regressado a Portugal três anos depois, Adriano Moreira recuperou os seus direitos políticos e foi reintegrado na academia por Ramalho Eanes. Deputado à Assembleia da República em 1980, foi presidente do CDS entre 1986 e 1988 (cargo que voltou a exercer de forma interina em 1991-1992) e vice-presidente da Assembleia da República (de 1991 a 1995) – e foi conselheiro de Estado, eleito pelo Parlamento, entre 2015 e 2019.
Adriano José Alves Moreira nasceu em Grijó (Macedo de Cavaleiros) a 6 de setembro de 1922, filho de um polícia e neto de um moleiro. A viver desde criança em Lisboa, para onde o pai mudara por causa do serviço militar obrigatório, ia a pé de Campolide para o Liceu Passos Manuel e depois para a Faculdade de Direito de Lisboa, onde entrou com 16 anos e donde saiu aos 21.
TEXTO E FOTO: Diário de Notícias