Texto de Opinião
Rui Duque
Acorda Figueira da Foz!
Numa história da memória um rei mandou fazer um anel com uma pedra preciosa e ordenou aos soldados que o colocassem no alto de um poste de madeira.
Seguidamente, convocou a população e prometeu cem moedas de ouro a quem conseguisse atirar uma flecha que passasse pelo centro do anel.
Quatrocentas pessoas ofereceram-se para lançar as suas flechas e todas erraram. Perto dali um jovem que brincava com o seu arco viu com espanto que a sua flecha, levada pelo vento, atravessara o centro do anel e assim ganhou a joia e as moedas de ouro.
Logo que saiu do palácio, o jovem decidiu queimar o seu arco e as suas flechas. E perguntado porque o fazia respondeu que: um homem deve entender que, às vezes, a sorte bate-lhe à porta, mas jamais deverá deixar que ela o engane e acabe por o convencer de que tem talento.
Assim é a vida com golpes de sorte e azar, mas que nunca se perpetuam, tornando necessário na procura do sucesso a dedicação, a paciência e a inspiração, para se obterem bons resultados.
Os êxitos, individuais e, ou, coletivos, dão muito trabalho a construir e exigem competência, persistência e resiliência. No porfiar estará a essência do conseguimento.
Para as 60 000 pessoas que vivem no Concelho, e os muitos que estando fora o sentem como seu, para todos que manejam o arco, é, pois, necessário treino para obterem a sorte dos capazes. A Figueira da Foz, que deve ser dos pequenos Davides que sabem que o presente não é o futuro e que este se constrói com golpes de audácia, mas principalmente muito querer e esforço.
Nos atos relevantes de cada um, se constrói mais fortemente a Unidade, da qual se extraem os melhores resultados.
É perturbadora a visão e compreensão que as gentes do Concelho e da Cidade não se estimam e se bastam com a beleza de uma natureza que não protegem.
O que podes fazer pela tua Comunidade, onde quer que estejas e no que quer que faças, um desafio e uma reflexão – um despertador de consciências?
Não deixar para os outros, que escolhem como se de clubes de futebol fossemos, as escolhas fundamentais que nos deixaram e que temos o dever de transmitir e melhorar aos vindouros.
A responsabilidade dos erros irremediáveis não é somente de quem os comete, mas igualmente de quem, podendo, não os evita. Assim a complacência, a compassividade, o desertar das decisões essenciais que afetam a vida da comunidade e da sua gente, não pode ser assumida ou entregue a ineptos, oportunistas, egoístas. São os mais conscientes os maiores responsáveis, pelo seu silêncio e omissão!
Será uma derrota coletiva, o desabar do esforço dos nossos antecessores, o empobrecimento comparativo da nossa terra, a tomada de más opções de consequências insanáveis. É exigível esforço solidário, encargo dos mais esclarecidos e pressão sobre os incautos.
Em tempos duros, em que as Instituições de referência e importância social definham, entregues às suas contradições, urge que se levantem os Lázaros destes tempos!
Este não é um apelo a qualquer eleição que não se descortina, mas um grito à reflexão sobre o desfalecimento dos nossos representantes comunitários e a orfandade reinante.
Acorda Figueira da Foz!