Medo vs Confiança – Opinião – Alexandre Guerra

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Texto de Opinião

Alexandre Guerra

Medo vs Confiança

Após 2 anos de pandemia, o mundo passou por recolheres obrigatórios e outras regras, que, por razões de saúde pública, nos retiraram algumas liberdades e aumentaram a taxa de esforço da maioria das empresas e famílias. Recebemos a notícia com a confiança, que está para terminar… refletindo-se, também por isso mesmo, na população em geral e na sua preocupação com a pandemia.

Em fevereiro deste ano, iniciou-se a guerra na Ucrânia e com ela uma campanha de sangue, cinismo e medo.
Nas últimas semanas, as palavras mais ouvidas no contexto da guerra, entre Rússia e Ucrânia, foram a energia e os alimentos, sugerindo a criação, de um novo mundo bipolar. Mesmo que queiramos deixar cair o tema da guerra, a verdade é que ela ressurge sempre devido, a novos factos, cada vez mais acutilantes. Embora Putin, continue a fazer sua propaganda, não consegue ultrapassar o síndroma da guerra, em que se meteu. Contudo, aproveita essas ocasiões para atacar o Ocidente e culpar os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE), pela ajuda que fornecem à Ucrânia. Não assume qualquer culpa, nem admite as ajudas, que eventualmente recebe da China, da Coreia do Norte, do Irão ou de outros países, como a vizinha Bielorrússia. Todos são autocracias, fortemente ancoradas, numa lógica de culto do líder.
De facto, se ninguém ajudasse a Ucrânia, seria fácil derrotá-la, com todas as fragilidades, que apresentava em fevereiro e que, no plano militar, não podem ser dissociadas do acordo, que estabeleceu com a Rússia, ainda nos anos 1990. Em virtude deste acordo, reconhecido pelas Nações Unidas, a Ucrânia abdicou de todo o seu poderio nuclear, um dos maiores na época, em prol do país que, anos mais tarde, a volta a invadir. Passados tantos meses, desta guerra sem aparente razão, Putin desfalece aos poucos e vê-se obrigado a tomar decisões, à margem de tudo o que esperava. A requisição de mais de 200 mil soldados reservistas, para enviar para a frente de batalha, é bem a prova disso. Esta atitude levou, como sabemos, à fuga de milhares de jovens, que abandonaram a Rússia, procurando estar a salvo, em países vizinhos e longe das garras de Putin.
A explosão da ponte que liga a Rússia à Crimeia, ataques à sua Marinha, mostrou-lhe que as coisas, não estavam controladas e que poderia enfrentar graves problemas a nível militar e até político.
Na Ucrânia, muito do que controlava, já perdeu, como a cidade de Kherson. E só não perdeu o resto da região, pois as margens do rio Dnipro, funcionam como uma barreira natural, que dificulta o avanço das forças ucranianas e serão usadas como uma das novas fronteiras, que Putin pretende criar. Seja como for, a Rússia está descompensada, quer no teatro de operações, quer no seu próprio território, onde as manifestações contra a guerra, são uma realidade. Perante isto, Putin até já defende a necessidade de avançar para negociações, ainda que numa lógica instrumental, na medida em que aproveita o facto de Zelensky não se mostrar disponível para conversações, para pretender passar a imagem, que a Ucrânia, liderada por nazis, fará tudo para o derrubar.
As consequências mais vastas desta guerra, como a fome de milhões de pessoas nos países africanos, mas não só, não contam para Putin, desde que continue a demostrar, que tem força, para controlar tudo e todos. Na verdade, a descompensação da Rússia, é enorme e chega ao ponto de se servir dos alimentos, muito importantes, para quem deles necessita, com urgência, para negociar e impor a sua vontade. A descompensação não é só da Rússia, mas também de Vladimir Putin, que aos poucos, se vê cada vez mais abandonado dentro do seu próprio país. Várias fações, se opõem de forma cada vez mais clara a Putin, mesmo correndo o risco de serem presos, ao virar da esquina. E assim regressa a a propaganda do medo, mesmo a tempo do Inverno. O líder russo informa que grãos não chegam, nem matam a fome africana, porque ficam na Europa. O frio vai apertar e dificultar ainda mais a vida de quem mora na Ucrânia e no mundo em geral.
Ao mesmo tempo, um fantasma ronda a Europa e tira o sono aos dirigentes europeus. O frio bate nessas portas. A inflação, é uma realidade e ameaça a taxa de esforço das famílias e empresas, cada vez mais dependentes de apoios sociais e de ginásticas financeiras para sobreviverem.
 A UE  está unida no geral e dividida no particular, com muitos detalhes a resolver. Húngaros a favor, polacos contra, é apenas um exemplo das divisões existentes, e a ameaça da extrema direita, deixou de o ser para se tornar numa realidade por toda a Europa.
Políticas internas serão jogadas cada vez mais para camuflar o que tem sido feito, neste imbróglio, onde o povo ucraniano sofre e vê os filhos morrer. Volodymir Zelensky, presidente ucraniano, manterá os blufes, pois sem tirar nenhum mérito à sua eleição, acho muito estranho este ator, numa série de grande sucesso no seu país, a sua personagem seja a de um presidente do povo, tendo a propaganda funcionado, onde a ficção virou realidade…
Este mestre de comunicação luta por contra ofensivas, para cativar mais padrinhos da UE e dos EUA e receber “diamantes de sangue”, em apoios financeiros, armas e munições, além dos milhões também para a reconstrução, havendo encontros da ONU, liderados pelo nosso antigo primeiro ministro.
Por cá mantemos a retórica do Ocidente, pois somos um dos fundadores da globalização e da história contada por muitas gerações, sobre a divisão do mundo, com nuestros hermanos Espanhóis, com a aprovação da igreja, como as linhas retas a definir fronteiras, no continente africano ainda hoje demonstram, essas influências.
Quem não se recorda da invasão a um país soberano, onde apenas Portugal, Espanha, Inglaterra e os donos disto tudo, apoiaram uma invasão, por se supor que esse país estaria na posse de armas de destruição massiva. Mas elas não existiam e o nosso então primeiro ministro, acabou anos mais tarde, como Presidente da Comissão Europeia. Os valores da globalização e a importância dos nossos atores no contexto mundial, sempre foi fundamental, ultrapassando períodos de guerras mundiais, guerras frias e outras mais.
Uma guerra silenciosa de uns e outros e de todos, os atores em cena são muito maus atores, e quem assiste perde a confiança, na balança com medo, o povo, aquele que bebe o que lhe é dado a beber, e ainda mais o povo ucraniano que luta pela liberdade da sua terra para sobreviver como nação, nesta guerra geopolítica global, que mais parece um tabuleiro de xadrez, onde só existem duas equipas. E os Reis do tabuleiro, EUA e China a assistir, jogando com seus peões, pois a propaganda do medo, é a melhor forma de controlar populações!
Confiança vs Medo!!!

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