Caminhando sobre um Ninho de Cucos – Opinião – Rui Duque

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Texto de Opinião

Rui Duque

Caminhando sobre um Ninho de Cucos

“Um bem disposto ladrão de segunda, é internado num hospital mental do Estado, o seu estado de espírito rebelde contagioso, vai rapidamente desestabilizar a rotina da enfermaria.”

A sinopse sobre o grande filme Voando sobre um Ninho de Cucos, é o mote da presente crónica. Efetivamente o Momento Noticioso vem-nos apresentando um País Hospital, lotado de Doenças da Mente, de utentes com padecimentos diversos, todos potencialmente perigosos para uma sadia comunidade.

Perigoso e penoso tem sido ler, ouvir e, ou, ver, noticias que mais parecem aulas práticas de direito criminal, obituário e religião e moral, por Novas Profissões, com novas formas de enriquecimento, que proliferam, mudado que está o paradigma social antigo… da respeitabilidade e cidadania.

Perceciona-se um desvario nas gentes que as leva a correr “de cá para lá e de lá para cá”, à procura de um porto seguro no mar alterado em que se encontram. O fenómeno – terráqueo – seria visto por um Marciano, como o enlouquecimento da espécie humana, quiçá, decorrente da “revolta” do Planeta.

A arte, produzida por alguns mais distantes do epicentro da loucura, é um aviso, um alerta, para a irracionalidade do cometimento, do escoar fatal do tempo do arrependimento. Os processos de intenções – anúncios públicos do que se vai fazer, se puder ser feito – alteraram o cânone da inauguração do realizado que um dia será pago.

As consequências da evolução da Técnica e da vinculação por Causas de rotura, monstrualizou a Convivência, acirrou ódios e indiferença social, que dominam o espaço e debate público, a retórica política e as narrativas da sociedade — uma realidade social
regressiva, materializada em ameaça à democracia.

Assim não se voa, caminha-se, sobre ninhos de cucos, nos quais – os ninhos – tudo se decide, e com os quais – os cucos onomatopaicos – proferem os seus cantos de duas notas, de controle e domínio.

É o tempo de, como Mário Quintana, no Poeminho do Contra: Todos esses que aí estão /Atravancando meu caminho, /Eles passarão…/Eu passarinho!

 

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