Texto de Opinião
Mafalda Azenha
Estamos a precisar de boas notícias
E elas vão aparecendo. Recentemente, o Conselho Mundial de Turismo apontou para um crescimento do setor, de quase 6% ao ano e 126 milhões novos empregos durante a próxima década, representando uma taxa de crescimento muito superior à previsão esperada para a própria economia mundial, de 2,7%.
Em Portugal, o Turismo crescia a bom ritmo até março de 2020 e ao que parece está a retomar já no 2º semestre deste ano esta rota de ascensão. Isso é uma boa noticia. Turismo cria riqueza, gera emprego e melhora a qualidade de vida das populações. Importante é que o consigamos manter dentro dos níveis de sustentabilidade que asseguram aquilo que ele tem de melhor no nosso pais, a qualidade. Para não deixar que se massifique ao ponto de destruir a identidade cultural ou a beleza natural das regiões, há que mitigar este risco que o crescimento espontâneo acarreta, sobretudo nos grandes centros como Lisboa ou o Porto, com estruturação e planeamento.
Ainda assim, como não é tão rápido resolver problemas estruturais como abrir fronteiras, apesar desta retoma, não há como fugir da vaga de cancelamentos e perturbações na operação das companhias aéreas e aeroportos a que temos assistido nas últimas semanas.
Não só no aeroporto de Lisboa, que já está a operar no limite da sua capacidade e onde, por isso, qualquer perturbação gera caos adicional, mas um pouco por toda a Europa. O crescente aumento de passageiros não tem sido acompanhado do aumento de número de trabalhadores, que ainda está muito reduzido fruto dos cortes recentes. As companhias aéreas marcam voos para as faixas horárias que tem disponíveis, mas sem conseguir garantir que tem pilotos, mecânicos e tripulantes suficientes. Sempre que um voo é cancelado, a gestão torna-se mais complexa porque pode fazer com que não haja pilotos e tripulantes para os voos seguintes, ou porque a tripulação acabou por fazer horas a mais ou porque os voos chegaram atrasados e isso compromete as horas de descanso legalmente estabelecidas.
Trata-se de um equilíbrio muito difícil para as companhias aéreas, que tentam proteger as suas receitas ao mesmo tempo que os custos, por exemplo, dos combustíveis, subiu em 89%. As companhias aéreas europeias estão com séria dificuldade em resolver o problema da escassez de pessoal a curto prazo. E tal como elas, as demais empresas que prestam serviços nos aeroportos. Tentaram adequar os custos à quebra de procura por força da pandemia e agora, muito embora a procura e os preços aumentem, como está a acontecer, e isso faça também crescer a receita, nas palavras da Allianz Trade, isso “ainda não será o suficiente para evitar um terceiro ano consecutivo de prejuízos”.
De forma que as boas noticias vão aparecendo, o sector do turismo é resiliente, sobreviveu e está novamente em crescimento mas ainda há um caminho para andar para que possa efetivamente, voltar a voar sem dificuldades.