2. Qual é o papel de uma igreja? – Opinião – Pr. Teo Cavaco

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Texto de Opinião

Pr. Teo Cavaco

2. Qual é o papel de uma igreja?

Começo com uma breve definição do conceito de igreja, tal qual a entendo, tendo em conta, quer a sua etimologia grega (“ekklesia”, assembleia), quer a sua substância (nas Escrituras Sagradas uma “comunidade de chamados para fora”, descrita como “o corpo de Cristo” – por ex. em 1 Coríntios 12:27).

Ora, aceitando que o sentido da igreja é agregador, ou seja, visa trazer pessoas a Cristo e à filiação com a Sua Família, para as desenvolver na maturidade cristã, equipá-las para o seu ministério na igreja e para a sua missão pessoal no mundo, assim trazendo glória a Deus, nestas próximas linhas procurarei, sobretudo, refletir acerca de qual é o papel de uma igreja local, na qual congrega e se reúne um conjunto, maior ou menor, de fiéis, num lugar geográfico específico (conceito referido na Bíblia em Atos 9:31 e 16.5, em Romanos 16:4,9, em 2 Coríntios 8:1 ou em Gálatas 1:2, por exemplo).

Para outra altura ficarão, assim, ainda à luz da Bíblia Sagrada, algumas considerações a partir do conceito de igreja universal, entendida como o conjunto de todos os salvos em Cristo, a qual inclui todos os cristãos remidos por Cristo, dentre todos os povos, em todos os tempos, no plano eterno de Deus arquitetada por Ele antes da fundação do mundo para a eternidade.

Assim, qual é o papel de uma igreja, no nosso tempo?

Antes de mais, o que a igreja não pode ser, nem os seus líderes, de todo: um agente político-partidário ou de fação, e/ou um agente económico ou de guerra: embora, infelizmente, sejam muitos os exemplos, tais práticas pervertem, como veremos, a essência de qualquer igreja cristã, logo anulam uma sua verdadeira e aceitável existência.

Em primeiro lugar, e não como, apenas, “um”, mas como “o” aspeto fundamentador, condição sine qua non, a igreja tem um papel evangelizador: Jesus Cristo, nas Suas últimas instruções aos discípulos (à igreja), antes da ascensão, deixou uma ordem, e não uma sugestão: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu vos ordenei; eu estarei sempre convosco, até ao fim dos tempos” (Mateus 28:19-20).

Uma igreja serve, antes de mais, para cumprir o plano de Deus de reconciliar a humanidade com Ele, e esta é a Boa Nova, o Evangelho: “Deus amou o mundo de tal maneira que enviou o Seu único Filho, para que todo aquele que n’Ele crê, não morra, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

A igreja tem também um papel social, entendido como um dever ético, legal, mas sobretudo como um mandamento bíblico: de facto, a igreja é apresentada na Bíblia como devendo ser um local onde os seus membros mais necessitados são auxiliados, também materialmente.

O apóstolo (Tiago 1:27) exorta para que a igreja olhe, vele e assista às pessoas que estão carentes de assistência social e de ajuda, dando, como exemplo, os órfãos e as viúvas, lembrando “os que estão na prisão (…) e os maltratados” (Hebreus 13:1-30).

Outrossim, a igreja tem um papel moral, entendendo a importância de uma visão humanista e cristã do mundo e da vida – oferecer uma orientação existencial espiritual com sentido, quantas vezes em oposição à lógica ateísta atualmente tão ensinada, exige perseverança e determinação, daí Jesus ter dito: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Mal” (João 17:15).

E, finalmente, a igreja tem um papel psicológico, enquanto congregação e reunião de pessoas que se amam, que sofrem e se alegram umas com as outras, que sabem que é bom e agradável “conviver em união” (Salmos 133:1), que carregam os fardos pesados desta vida uns dos outros (Gálatas 6:2), assim enfrentando com maior amparo as dificuldades e as pressões.

Bem-vindo, bem-vinda a uma igreja local!

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