Terra que me viu nascer – Opinião – Alexandre Guerra

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Texto de Opinião

Alexandre Guerra

Terra que me viu nascer

Após o regresso há terra que me viu nascer.  Orgulho e prazer de viver, numa Vila com 500 anos, isto se tiveres sorte de ter terra e eu tenho.

Odiaria ser um daqueles lisboetas de 3ª geração que não tem terra, não tem a sua terrinha, perdida “lá na província”, pois são as minhas raízes, não sou uma poda adaptada a outro terreno.

Essa terra, é a minha e é melhor do que vossa. Primeiro porque é a minha, depois porque é de facto a melhor do mundo.

Na terra que me viu nascer, há sempre comida e bebida para toda a gente. Seja porque é dia de festa, seja porque decidimos que, apesar de não haver qualquer motivo para a fazer, é dia de festa. Sim, porque na minha terra qualquer acontecimento é desculpa para comer e beber, seja ele um baile de verão, um encontro inesperado ou simplesmente repetirem as solarengas tardes a ver o mar.

Na terra que me viu nascer, há histórias que se contam e histórias que se criam ou inventam todas as semanas, algumas épicas, com heróis e heroínas que são conhecidos há 4 gerações, existindo até o famoso Largo da Má Língua.

Na terra que me viu nascer, as pessoas riem com vontade e riem tanto dos outros como de si, não tendo problemas em contar à mesa do café a estupidez que acabaram de fazer. Todos têm alcunhas, todos sabem as histórias mais humilhantes de toda a gente e toda a gente sabe as tuas. Na minha terra o humor raramente tem limites e quando tem, esses limites, desaparecem ao sabor das ondas.

Na terra que me viu nascer, as pessoas são brutas, às vezes até um pouco rudes, mas são as pessoas mais sinceras e disponíveis que vais conhecer na tua vida, porque na minha terra um amigo é para a vida, mesmo quando há problemas, são todos primos, até falsos primos, mas ninguém é posto de parte, desde que seja boa pessoa.

Na terra que me viu nascer, há invejas, há problemas, há jogadas políticas, há vida com emoção, mas até nisto a minha terra é melhor do que a vossa, porque a maioria de nós, está-se figurativamente a cagar, pois a tua identidade e única e só tu podes ser responsável pelo que fazes pela tua comunidade, por vezes, até literalmente quando a noite vai longa e estás naquela tertúlia que não tem fim, nascem umas ideias bem divertidas.

Na terra que me viu nascer, há estrangeiros, de todo o mundo, que vieram um dia e ficaram. O motivo e comum, pois em todas as suas viagens, não encontraram um sítio melhor para viver, porque não há.

E é por isso que a terra que me viu nascer, é melhor do que a vossa. Porque a minha terra, é sempre uma viagem com regresso, para o turista ou para o local, pois sabendo escutar música do universo, a linguagem universal do mundo onde vives, escutando e vibrando com o meio no momento, e a espalhar magia, para a comunidade que me viu nascer, proporciona um sem número de surpresas, boas e más, como o mar que nos bate a porta, revelando uma profundidade infinita…

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