Fácil? – Opinião – Silvina Queiroz

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Texto de Opinião

Silvina Queiroz

Fácil?

Tenho andado a tentar interiorizar e compreender a nova “moda” que se está impondo: “as cidades de 15 minutos”. Inventado o conceito em 2016 pelo investigador franco-colombiano Carlos Moreno, foi importante peça de propaganda política na recente eleição de Anne Hidalgo, Prefeita de Paris. Em consonância com a Agenda 2030 e as directrizes do Forum Económico Mundial, e ainda com os ditames da ONU e da União Europeia, o conceito pretende algo que, à primeira vista, se afigura fácil. Mas será mesmo? Pretende reformular as cidades, imprimindo-lhe uma dinâmica diferente que, também à primeira vista e segundo o proclamado, persegue o objectivo de redução drástica de emissões de CO2, “recolocando” todos os serviços, a habitação, o trabalho, os espaços de lazer, à distância máxima de quinze minutos a pé ou de bicicleta. Paris, Milão, Melbourne e algumas cidades do Reino Unido estão já fazendo o caminho nesta nova “estrada”. Mas como será/seria isto no nosso País? Encerrando serviços de saúde a esmo, reduzindo horários de atendimento noutros serviços, como não entrar em profundas contradições?! (Aliás, nada de novo! Estamos habituados.) Mas não é apenas isto que me confunde. Vi uma peça informativa, em castelhano, que a certa altura refere a necessidade de pedir autorização para sair do perímetro do bairro! Falava ainda de barreiras físicas de controle e da prolífica instalação de câmaras de vigilância por toda a cidade! O Big Brother numa escala jamais imaginada! E há mais: a certo momento é dito que as questões da emergência climática se sobrepõem aos direitos e garantias dos cidadãos! Ai, pobrezinhas das Constituições! E a cereja no cimo do bolo: multas elevadas, já a ser implementadas no Reino Unido, para quem tentar a façanha de desobedecer e se afastar para lá do comprimento da “trela”! Seremos também açaimados? Sei lá! Fácil?! Não me parece.

 

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