O Município da Figueira da Foz autorizou uma intervenção artística que questiona o legado colonial das peças expostas no Museu Municipal Dr. Santos Rocha, mas afastou-se da iniciativa, esclareceu o presidente da Câmara, Pedro Santana Lopes.
A instalação, intitulada “Confrontar o legado colonial no museu”, abriu ao público na quarta-feira e insere-se num projeto desenvolvido no mandato autárquico anterior, em colaboração com a Universidade de Évora. Apesar de ter decidido manter a iniciativa, a atual administração municipal ressalva que não se revê necessariamente na abordagem adotada.
A instalação artística foca-se na sala de Etnografia do museu, onde se encontram objetos, esculturas e peças provenientes de Angola e Timor, doadas em 1903 por um militar. Sobre as vitrinas foram coladas frases em português e inglês que questionam a narrativa histórica associada às peças, incluindo referências a saque e violência no contexto colonial. A iluminação da sala foi alterada, diminuindo a visibilidade das peças, numa decisão deliberada dos autores da intervenção.
Além disso, os visitantes são convidados a partilhar as suas opiniões escrevendo diretamente no vidro das vitrinas com marcadores brancos. A metodologia adotada tem gerado desconforto entre técnicos e funcionários do museu, que manifestaram reservas quanto ao impacto da iniciativa.